Muito já foi falado sobre as diversas vantagens que o bilinguismo traz p/ o desenvolvimento cognitivo da criança, como o aumento da estimulação neural, foco para filtrar informações importantes, estimulação da memória, dentre outras... Mas, muito se discute quanto ao processo de alfabetização bilíngue simultâneo: Será que pode causar confusões linguísticas? Muitos defendem a alfabetização bilíngue consecutiva, quando se alfabetiza primeiro em uma língua e depois na outra, enquanto, outros defendem a alfabetização bilíngue simultânea, das duas línguas ao mesmo tempo. Bem, em minha experiência já alfabetizei das duas formas e não percebo que uma seja melhor do que a outra. Acredito que, p/ algumas crianças, alfabetizar em uma língua de cada vez funcione melhor e, para outras, a simultânea pode funcionar muito bem tb! Vai depender de como a criança irá reagir e o grau de interesse que ela mostra pelo mundo das letras. Cada família deve observar e decidir qual o processo a usar. No caso da minha filha, ela começou a ler e escrever em inglês e quando ela já estava dominando bem a escrita e a leitura, eu lhe ensinei a ler e a escrever em português. Como aqui nos EUA o horário escolar é muito longo, eu optei por esta forma, pois, ela entra na escola às 7:50h da manhã e só sai as 3:30h da tarde. Além disso, ela tinha aulas de ginástica e piano, e ainda os deveres de casa da escola e é claro que precisava de um tempinho p/ brincar e relaxar. Então, optei por só começar a alfabetizá-la durante as férias, com mais calma. As férias nos EUA são longas, em média de 3 meses, então foi possível dar um bom início neste processo. Na verdade, o processo de alfabetização acontece apenas uma vez, e depois há uma transferência p/ a segunda língua. Mas, como professora particular, já tive a oportunidade de alfabetizar crianças em português, ao mesmo tempo em que elas estavam sendo alfabetizadas em inglês na escola e o processo simultâneo fluiu muito bem tb. É inteiramente natural que haja trocas de palavras entre os dois idiomas, mistura de vocábulos e que também usem a gramática de uma língua, geralmente a língua dominante, para a língua alvo. Como exemplo é comum que a criança bilíngue (inglês/português) escreva “rua” com H no início, porque aplica os sons do inglês para o português. Com a prática elas irão percebendo que cada língua tem suas próprias regras e estruturas e que as letras possuem sons diferentes. Precisamos dar oportunidade para que elas vivenciem e pratiquem esse novo conhecimento através de leituras, filmes, jogos, brincadeiras, livros, músicas, diálogos e exercícios de escrita. A fluência na gramática se aprimorará aos poucos, gradualmente, à medida em que a criança tome consciência das diversas situações nas quais se encontra inserida e tenha contato com a língua dominante e a língua alvo.
Quem já tiver começado esse processo, boa sorte! Tenha consistência e os resultados positivos virão! Um abraço! Nani
Escrito por: Nani Ertter
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